sábado, 25 de fevereiro de 2012

Pequena memória de alguém que seguiu em frente.



Era um dia triste de verão. O céu estava cinza e chovia um pouco, mas era o suficiente pra tornar aquela tarde ainda mais melancólica. Estava chateada, e louca pra ficar deitada na minha cama dormindo até o dia seguinte, mas tinha de ir resolver algumas tarefas das quais minha mãe me encarregou. Sentei na portaria do prédio e, enquanto esperava o ônibus passar, fiquei observando a chuva, que pingava leve, mas incessante. Seu Zeca, porteiro do meu prédio, percebendo meu aborrecimento sentou-se ao meu lado.
“Que foi, pequena?” – Perguntou-me ele. “Nada...” – Respondi, desanimada demais pra explicar alguma coisa. “Como nada? E esse bico gigante na sua cara? Acha que eu não te conheço, menina?” – Persistiu ele, e, após um longo suspiro respondi, “Queria que a vida fosse mais fácil! Tô muito cansada desse negócio de rejeição... O senhor acha que eu ainda vou ter que aturar muito disso? Ou tem um jeito de parar?”
E com um sorriso murcho, mas aparentemente divertido, ele me respondeu, “Mas você é boba mesmo, né moçinha? Mas é claro que haverá rejeições! E aproveite-as bem, quando chegarem, pois elas te ensinarão a ser humilde e corajosa pra levantar e seguir em frente. Elas te farão perceber que as melhores e mais importantes vitórias não acontecem da noite para o dia. Levam tempo, persistência e muito esforço... Mas não se desespere nem desanime, minha querida, porque valem a pena! E como valem...”
Seu Zeca era um homem velho com jeitinho de criança. Tinha os cabelos grisalhos sempre cobertos por um boné azul, tal como seus olhos, que ele nunca tirava. Levava um olhar vazio e meio triste, mas sempre que sorria, dava pra ver o quanto ele era feliz, em sua simplicidade. Hoje vai fazer trinta anos desde aquela tarde, e há dez ele já não está mais conosco, mas eu nunca vou me esquecer do que ele disse e de como estava certo... Sobre tudo.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Oi, tchau?



Acho que nunca fui tão feliz a minha vida inteira. Sério, acho que nunca vi tantas cobras alinhadas no mesmo ninho e juntas... Hoje foi um dia épico.
Acho que nunca ri tanto, chorei tanto, ou fiz tanta merda quanto hoje.
É muito bom descobrir quem são as pessoas que se importam com você e quais são as falsas.
Vivemos em um lar de cobras, afinal. Todos sabemos disso. Mas as piores são aquelas das quais não esperamos o ataque.
Mas enfim, quem sou eu pra falar alguma merda? Só vim aqui pra dizer a verdade, como sempre, e a verdade, no momento, é que eu desisto.
Desisto das pessoas, mesmo sabendo que elas tem seu lado bom. Desisto de mim, porque eu to cansada demais de tentar provar pra todo mundo que eu sou boa bastante pra qualquer merda que seja. Desisto de tudo, e não me importo. De hoje em diante, me aguentem, ou melhor, não me aguentem. Porque eu estarei aqui sozinha e não quero nem saber. Um beijo e adeus.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Abre a janela e vai ver o céu; Tá bonito, cheio de estrelas!

A cada dia que passa, eu me afasto mais das pessoas. E eu estou começando a achar que elas entenderam o meu apelo por distância, e estão fazendo o mesmo comigo.
Eu sei, pode ser exagero. Pode ser só uma neurose boba, como todas as outras que eu já tive, mas é essa a minha impressão; Minha companhia tornou-se ainda mais desagradável que já é.
Mas a pior parte é que eu não sei como mudar isso. Eu estou cada vez mais retraída, excluindo-me cada vez mais. E não sinto vontade nenhuma de mudar, de interagir, de me reintegrar a sociedade, a qual eu pertenço.
Quero ficar quieta, sozinha, só imaginando. Um fone de ouvido, algumas músicas que combinem com o clima do meu dia, e só. Talvez um breve fechar de olhos... Um filme, um livro, um novo episódio de seriado... É tudo o que eu quero.
Não gosto disso. Tenho medo. Eu, que costumava sentir vontade de sair de casa, de ver pessoas, ir a festas, rir, brincar, me divertir, ando recusando convites, saindo de casa empurrada, indo a festas e me sentando em um canto, sozinha, ansiando apenas pela companhia de uma dose de alguma coisa forte, na esperança de alguma daquelas falsas alegrias, que já não me enchem mais.
O vazio tá aumentando, ta aumentando muito rápido.
Eu to com medo. Eu preciso de ajuda, o que me mata, pois como boa auto-suficiente que sou, sempre achei que não precisaria de ninguém além de mim pra me salvar.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Oração daquela que não conseguia crer.



Tá difícil, sabe? Nossa, Cara, você não tem noção de como tá difícil!
To deixando o tempo passar, eu juro! To tentando confiar em Você, to rezando, to torcendo! Mas mesmo com tudo isso, ainda dói, e não é pouco. Dizem que logo chega a minha vez, que tudo vai dar certo, que nada é pra sempre e que o meu jogo ainda vai virar! Dizem que eu tenho que rezar mais e confiar plenamente no Senhor... e ainda tem aquele maldito “E se...” que não deveria existir no meu vocabulário, porque como diz a minha mãe, “é o primeiro sinal de descrença!”, mas existe!
Tá foda, sabe? Eu sei que palavrão é feio, ainda mais pra uma garota como eu, que devia ser delicada e cheia daquelas frescuras, mas eu não consigo achar outra palavra que expresse tão bem a minha situação... Tá foda.
Não consigo mais sentir vontade de sair da cama, de me arrumar, de arrumar as coisas, de viver!
To sentindo falta de quem foi embora! E eu sei, eu sei que o Senhor só tirou eles da minha vida porque eu pedi! E eu sei que eu precisava disso, ou preciso, mas mesmo assim... Eu sinto falta!
Também não tenho esperança nas pessoas. Vai soar rude, esnobe, ignorante, e etc., mas Cara, não sinto nenhum animo em conhecer pessoas novas. É como se eu já previsse que elas não vão me agradar, que tudo vai dar errado, que elas não serão interessantes o suficiente pra me distrair. Eu sei, isso foi babaca. Muito esnobe!
Até parece que as pessoas não tem o dom de surpreender, né? Eu sei que tem. Lembra da última vez que eu fiz isso? Que eu fui inventar de achar que tal pessoa sempre seria pouco perto de mim. Apenas um leigo, um ignorante, um idiota que não sabe nem como escrever corretamente? O Senhor fez com que o imbecil se tornasse importante, e hoje, se quer saber, acho que eu é que sou a idiota, e não ele. E isso continua acontecendo... Sabe Cara, você já sabe o que eu quero! Algumas coisas eu te escrevo, outras eu falo bem baixinho, que é só pra Você escutar, mas não custa nada repetir né?
Eu preciso de fé, ânimo (pelo menos pra levantar da cama e me vestir de gente, né!), paz... PACIÊNCIA. E como eu preciso!
Me ajuda com essa, por favor! O Senhor nunca me deixou na mão, então quebra essa pra mim agora!
Se for pra chorar, que seja escondida. Se for pra sofrer, que seja em algum bar, com um copo de cerveja na mão, rindo com os amigos. Se for pra perder, que seja por uma grande vitória futura. Se for pra lutar, que seja por algo que valha a pena.
Que tudo tenha um motivo maior e melhor. Que cada pequena tristeza resulte em uma grande alegria. Que cada sacrifício traga uma recompensa. Que não desistamos, por favor, da nossa vida, e das pessoas que amamos ou poderemos amar um dia. Que a cada nascer do sol, nasça um pouco de esperança nos nossos corações. Que deixemos o medo de lado e arrisquemos. Que as coisas aconteçam(LOGO, PLEASE?), quando tiverem que acontecer. E que seja tudo lindo, mágico e bom. Muito bom.
Obrigada, Cara, espero que – pelo menos – o Senhor leia e entenda o que eu to passando.
Amém.