quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O silêncio das estrelas.

Ontem foi o pior dia da minha vida, mas eu não vou nem arriscar dizer o que aconteceu, pois tenho certeza que ninguém aqui entenderia. “Me preparei” pra esse dia o ano todo. Tomei todos os remédios que pude, falei sobre o assunto com várias pessoas, afim de que a carga e o medo diminuíssem, mas vocês sabem, não importa o quanto você se prepare pra algo, você nunca está totalmente pronto pra enfrentar seus medos. E na hora H, aterrorizado ou não, você deve erguer a cabeça, fechar os olhos, e esperar pelo melhor.
Algo que andou me frustrando muito, desde o começo de minha preparação para o “grande evento”, foi a reação das pessoas ao meu redor. Minha família, meus amigos mais próximos, todos dizendo o quanto eu estava sendo exagerada(ok, entendo que eu pareça extremamente exagerada pra todo mundo, entendo MESMO) e que não ia mudar nada. “Como assim, não vai mudar nada? Vai mudar tudo! Já está mudando tudo!” – Eu não entendia como aquele sofrimento, que tornou-se uma cruz tão pesada pra mim, podia ser interpretado com risos e piadinhas(by the way, achei algumas delas inaturáveis, estúpidas e desnecessárias DEMAIS!). Senti muita raiva, ódio, solidão. Achava inaceitável, pois família e amigos existem pra te aturar, pra te ajudar, pra sofrer com você, pensava eu. Só pensava. Pensava e só. Na verdade família e amigos existem pra gostar de você apesar das suas imperfeições. Conhecer seus defeitos, odiá-los, mas ainda assim amar você. Enfim...
A pior parte de qualquer dor é saber que a sentimos sempre sozinhos. Não importa o quão gentis e compreensivas as pessoas sejam, no final, a gente encara mesmo tudo sozinhos. Ninguém entende a dor alheia, nem sabe como lidar com ela. Se nem nós sabemos direito como lidar com nossas dores, imagine os outros. Então, se o seu “drama” é muito grande, se o incômodo que você sente com aquela “coisinha atoa” é “exagerado”, aprenda a tentar ser compreensivo com o outro você também. Ninguém além de você sabe o que você está passando de verdade. Pode ser que alguém já tenha vivido uma situação parecida, mas nunca a mesma. São nas horas difíceis que aprendemos a aceitar a solidão e a usar toda a força que temos. E é isso o que nos tornará pessoas melhores.
Acho que era só isso que eu queria dizer. Um beijo.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Nair.

Introdução

"Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler" A menina que roubava livros.


*


Quinta-feira, treze de Dezembro de 2012. Quatro horas da tarde.

A morte é sempre um confronto com a vida. Querendo ou não, ela nos deixa cara-a-cara com o pouco que vivemos e nos desafia a correr atrás daquilo que gostaríamos de ter feito.
Alguns meses atrás minha bisavó faleceu, e eu nunca tinha perdido alguém próximo antes. Foi nesse dia que eu descobri o quanto a morte me é estimulante. Enquanto assistia os corpos dos meus familiares debruçados uns nos outros em meio a tantas lágrimas e desespero, eu só conseguia pensar em tudo o que a vida ainda poderia nos oferecer, e - vez ou outra - ao pousar os olhos naquele corpinho frágil, mas com uma aparência tão serena, aconchegado no caixão, a única coisa que eu sentia era orgulho e alegria pela vida que ela viveu. E quanta vida, quanta força! Mesmo com todo o desconforto e debilidades geradas pela velhice, sempre ganhou de dez a zero em animação e juventude de todos os filhos, netos, bisnetos, ou jovens que estivessem ao seu redor. Isso com noventa e nove anos!
Acredito que se a força do espírito ultrapassasse a do corpo, teria vivido mais noventa e nove.
Enquanto todos lamentavam sua morte, eu a admirava, certa de que sua partida só ocorrera porque era a hora e que sua passagem pela terra não havia sido em vão.
Deixou aos filhos, netos, bisnetos, amigos, e companheiros de igreja lembranças, lições preciosas e saudades. E é isso o que classifica uma vida bem vivida. Uma história bem contada.
Foi uma mulher admirada com uma vida admirável. 
Naquele dia, antes de viajar para as cerimônias  de seu "encerramento", prestei uma singela homenagem a ela com um texto, publicado aqui nesse blog. Curiosamente, até hoje ele continua sendo o mais visualizado. Tenho certeza de que isso só acontece pois tentei colocar nele a força e a alegria que ela tinha.
Hoje a data não é especial, não seria seu aniversário, nem nada, mas lembrei dela. As lágrimas ainda se recusam a cair, e suas lembranças ainda me fazem esboçar um enorme e aberto sorriso.
Não sei se minhas futuras perdas serão encaradas da mesma forma, mas hoje... A morte continua sendo inspiradora.

*Link do texto citado acima, aos interessados: http://verdadesqueinventei.blogspot.com.br/2012/05/vida-continua-sendo-uma-garrafa-de.html

domingo, 2 de dezembro de 2012

Ausência.


"Após espetar seu dedo na agulha, Aurora entra em um sono profundo, e só consegue acordar após o beijo de seu príncipe." Nunca gostei muito de A Bela adormecida, mas durante essa semana, no meio de uma das minhas crises de reflexão exagerada, acabei encontrando todo o sentido nele. Durante alguns momentos consegui até me identificar com a princesa, desejando, com toda a força do mundo, que meu príncipe chegasse logo.
É tudo uma grande metáfora, mas a parte incrível, é que algumas pessoas vivem mesmo o drama de Aurora. 
Um exemplo perfeito é aquela garota que era tímida, quieta e "sem sal", que de uma hora pra outra ficou linda, carismática e extrovertida. 
No primeiro momento, todas as características "apagadas" da garota representam o sono profundo no qual ela se encontrava, e o segundo representa o despertar de seu melhor lado a partir do beijo do príncipe, que simboliza a cena marcante que a garota viveu, ou assistiu que a fez mudar. O "gatilho", que desencadeou sua mudança.
Alguma pessoas só precisam de um dia diferente. Um acontecimento tão marcante que as faz entrar em choque com sua vida. Aí, em questão de segundos, elas mudam. Esquecem do medo que sempre sentiram e vão. Descobrem uma autoconfiança e força que não conheciam. 
É esse o sentido de A Bela adormecida. 
"A música ainda toca no mesmo ritmo, o que mudou, foi o modo como você a interpreta agora."