quinta-feira, 17 de março de 2016

Um dia difícil para os sonhadores.

"Estamos passando por uma época difícil" - disse Gilda, minha antiga psicóloga na noite de ontem, quando eu fui me consultar de novo após dois anos acreditando piamente que conseguiria me virar sozinha. Além de descobrir que muitos dos atuais dilemas são os mesmos dos meus dezessete anos, fui arrebatada por algo que eu já venho sentido a um tempo, mas cujas razões ainda não me eram tão claras como agora. "Não é a primeira vez que acontece uma crise no Brasil, nós já passamos por isso antes. E outras pessoas também passaram, mas é preciso manter em mente que é uma época pessimista. Ninguém sabe ao certo onde vamos parar, as previsões não são boas, e essa negatividade está tão forte, que a gente acaba incorporando inconscientemente." continuou Gilda, acendendo uma pequena luz no lugar do enorme ponto de interrogação que alarmava minha cabeça. 
A desesperança se alastrou, submergindo ainda mais aqueles que já se sentiam afundados. Não seja dramática, alguns pensarão. Ok, talvez nem todo mundo esteja se sentindo assim. Aliás, eu tenho certeza que existem (elas sempre existem!) exceções, e se você for uma delas, então me da um abraço por favor, que eu quero pegar um pouco dessa tua energia boa pra mim! 
O ponto é o seguinte: pra todo canto que se olha a gente vê descontentamento, discórdia, ódio e medo. Pessoas se matando por terem pontos de vista diferentes. Uma economia quebrada. Um governo decadente e sem nenhuma opção descente para sua substituição. Pessoas se matando por terem pontos de vista diferentes (eu sei, eu já disse isso antes, mas é que isso tá tão forte que a gente repete pra dar ênfase!). E eu ainda não vi uma única previsão boa sobre a situação atual (nem pro país, nem pras pessoas!).
Otimistas diriam que temos que colocar nossa fé na nova geração. Pois bem, a geração Y (que no caso é a minha!) é taxada como a pior geração. Somos vistos como folgados, iludidos e pretensiosos que acham que são donos do mundo. 
É, fodeu de vez...
Será? Não, eu juro que não estou aqui pra jogar mais um balde de pessimismo em vocês. 
Todos nós já lemos essa estória. E se você ainda não leu, é só procurar em algum livro de história. A estabilidade não é privilégio eterno, nem da economia, nem da política, e nem do ser humano. Os altos e baixos estão sempre aí pra atazanar a gente. Só que a gente precisa viver com eles. E ainda que o buraco pareça fundo, tem que continuar olhando pra luz que tem lá em cima. Por que sempre tem uma luz. Sempre teve! Não é possível que agora, em pleno século XXI, tendo o homem segurado tanta barra e superado tanta fossa que a gente vá afundar de vez. Em algum momento as coisas vão mudar pra melhor de novo. 
Mas enquanto não mudam, dá pra a gente tentar se moldar pra aguentar a bad. Não dá? É só deixar o facebook um pouquinho de lado, com todos os discursos de ódio e intolerância que estão distribuídos pela nossa timeline. Ignorar aquele comentário desnecessário daquela pessoa desocupada que vem te encher a paciência. Ver uns vídeos engraçados, umas fotos de bichinhos fofinhos e nenéns dando risada. Aprender a fazer algo novo. Começar um novo livro! (No caso, eu recomendo biografias, porque além de se tratarem de histórias reais, mostram a quantidade de coisas diferentes que uma pessoas pode viver, e isso dá uma esperançazinha a mais!).
Só não pode parar de viver. Isso não.  

domingo, 13 de março de 2016

Não esqueça quem você é.


Eu estou passando por um momento difícil. E é horrível admitir isso, é terrível olhar pro lado e se sentir desamparada, completamente perdida e sozinha. Mas é assim que eu me sinto a quase quatro meses. 
E não é drama, exagero, vontade de chamar a atenção. É tristeza. Agonia. Uma vontade louca de não precisar mais abrir os olhos, ou então acordar um dia sem a habilidade de pensar. Meus sentimentos estão me matando. E a rapidez com a qual eu me destruo me assusta. 
Mas não é este o foco deste texto, é só uma breve contextualização do agora.
Não existe um único motivo. Foi uma junção de acontecimentos, frustrações e finais mal acabados. Coisas com as quais eu não sei lidar direito até hoje. 
Um dia eu acordei e percebi o quão descontrolada estava. Eu já sabia que alguns pontos finais deveriam ser postos em seus devidos lugares. Mas faltava coragem. Ainda falta, porque por dentro de mim ainda existem várias reticências. Mas eu tive que tomar uma decisão e me fixar nela. E no momento em que eu fiz o que tinha de fazer, desmoronei. Mais uma vez. Só que eu não aguento mais fazer isso. Já faz tanto tempo que eu acordo todos os dias me sentindo mal. Que eu não sinto vontade de levantar da cama. Que eu choro na frente das pessoas porque não aguento me conter. 
Eu tinha comprado uma entrada pro show de uma das minhas bandas preferidas, e ele aconteceria naquela mesma noite. Eu estava sucumbindo. Meu corpo doía. Meu coração também. Eu mal conseguia pensar em me arrumar. Faltavam duas horas pra sair de casa. Sai da cama de mal jeito. Passei o mínimo de maquiagem. Coloquei uma roupa confortável. E com um buraco enorme no peito é uma vontade gigante de continuar parada, eu fui. A ida foi mais difícil. Não me sentia disposta. Chegando lá, tivemos que esperar duas horas para o show começar. E essa espera foi angustiante, pois eu só pensava no quanto queria minha casa. Minha cama. Dormir e não acordar mais. A banda entrou no palco. Reconheci aqueles rostos que eu sempre via na TV. Sorri. Eles começaram a tocar e cantar minhas musicas preferidas. Me emocionei. Agradeci a Deus e a minha mãe por não terem me deixado ficar em casa. Eu teria perdido a chance de ver pessoas que eu admiro. De ouvir musicas que eu amo. De me sentir parte de algo por algumas horas. De me sentir eu durante um tempo. Não havia culpa, nem julgamento. Só a música e nós. Berrando, pulando e desabafando em meio àquelas letras. Eu quero me sentir assim mais vezes. Viver esse momento foi tão bom. Tão necessário. E quando voltei pra casa, consegui segurar essa paz por mais algumas horas. E ter uma noite de sono bem mais tranquila que as anteriores. 
Não estou completamente recuperada. E nem esperava estar. Faz só um dia que tudo isso aconteceu. Acordei meio triste, com um monte de perguntas sem resposta na cabeça. Mas pelo menos eu fui. Passei algumas horas longe da cama, revi amigos que eu já não via a tempos. Me permiti viver um pouco. 
Eu não sei como você está. Se está bem ou se está mal. Se tem tentado fugir de alguma coisa. Se você também não aguenta mais. Mas se o seu coração também anda enfraquecido, eu tenho um conselho pra te dar: não deixe a tristeza te impedir tanto. Muitas vezes a gente sai de casa procurando uma resposta, e volta com mais dúvidas. Eu sei. Tem dias que tudo dói tanto que a gente acha melhor desistir mesmo. Ficar onde está. Chorar em silêncio. Mas não deixe essa sensação te dominar. Não deixe de fazer algo que você queria muito por conta de sentimentos que você não consegue controlar. Vai com medo. Com o coração quebrado. Com as pernas trêmulas. Vai.
Você precisa fazer isso por você. Por que se não for tu, ninguém mais vai.