segunda-feira, 29 de julho de 2013

O mundo vai acabar, e ela só quer dançar.

E lá veio o Dinho, como sempre me traduzindo em seu repertório.
Acho que toda a garota já ouviu, cantou, e amou Natasha, e que pelo menos uma vez, pensou em fazer o mesmo que Ana Paula.
Mudar o corte e a cor do cabelo, sacar todas as economias, e fugir, sem saber pra onde, mas com a certeza de não há como voltar atrás.
Como paranoica, desequilibrada, e pseudopoeta, sempre penso que nenhuma música foi escrita em vão, e hoje enquanto ouvia essa, da qual nunca enjoo, me perguntei sobre Ana Paula. Não sei quem é, mas aposto que ela existiu, e que existiram muitas como ela.
Imagino-a como uma garota calma, recatada, tímida e com educação impecável. O exemplo de filha, namorada e aluna perfeita. Vivendo uma vida ideal, com o futuro todo planejado. Faculdade, casamento, filhos. É, ela tinha tudo em sua mão. Me pergunto, então, o que a levou a partir daquele jeito, sem se incomodar em dizer adeus, e sem nenhuma pretensão de voltar... Após um breve momento de meditação, rio de meu questionamento. Sei que toda a garota já brincou de casinha, já sonhou com o príncipe encantado, e escolheu um zilhão de nomes diferentes para seu primeiro filho. Se formar, se casar, ter filhos. Esse é o sonho perfeito que todas deveríamos ter. Ou uma antiga imposição que era feita a nossas avós, por seus familiares, e de quando em quando, ainda é passada pra nós. Mas...
Ana Paula não passava dificuldades, não causava problemas, e sabia exatamente onde iria chegar. Faculdade, casamento, filhos. Sua vida estava toda programada, e acredito que esse tenha sido o gatilho de sua fuga. Todo aquele excesso de certezas, toda aquela vida planejada, aquilo deve tê-la sufocado. Não me levem a mal! Não tenho nada contra quem sonha em constituir uma família e levar uma vida tranquila, muito pelo contrário, eu mesma também tenho esse desejo. Mas acredito que o excesso de planejamento não nos leve a lugar nenhum, pois o excesso de idealização nos tira da realidade, e nos joga em um abismo de paranoias, que desacata insônia, pesadelos, enfim. Ok, eu posso estar exagerando. Ok, esse pode não ser o seu caso, eu sei. Mas acho que Ana Paula vivenciou as cenas que venho descrevendo e que isso a apavorou. Afinal, é normal ter medo do futuro. Tenho certeza de que ela amava seus pais, talvez gostasse de seu namorado, mas por ficar tanto tempo presa naquela vidinha perfeita e tão cheia de certezas, ela se desesperou. Amava tudo o que tinha, mas queria mais. Queria conhecer o outro lado da moeda, sentir o gosto daquilo que ainda não havia provado. Queria viver um pouco, antes de se acomodar. E então radicalizou, enterrando de vez Ana Paula, junto com todos os sonhos que tinha e “dando a luz” a Natasha, a inconsequente desandada que só queria mais um trago, mais um drink e mais uma música...
O mundo vai acabar, e ela só quer dançar...  Era isso, já não se importava mais. Viveria um dia de cada vez, sem pensar em seu futuro. Tornou-se o extremo daquilo que ainda não vivera.

Me desculpo pela confusão aos que não entenderam o ponto em que quero chegar, e explico; Não há nada de errado em descer do salto de vez em quando. Todos precisamos de tranquilizantes pra mente e um pouco de indiferença. Mas é possível incorporar nossa Natasha sem estrangular de vez Ana Paula. Adquirindo responsabilidade(e irresponsabilidade) na hora certa. Pra os que me acompanharam até aqui, deixo minha conclusão; se dosem. Sejam um pouco de tudo. Mas não sejam demais. A vida é uma corda bamba, e se a gente não se equilibrar, cai.  

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tô me namorando.

Nunca entendi direito a obcessão que algumas pessoas têm de estar sempre com alguém. É como se a ideia de estar sozinha as fizesse inferiores aos demais. A própria companhia não as basta.
Não estou generalizando. Conheço muitas pessoas que gostam de estar acompanhadas simplesmente por apreciar a companhia do outro, mas que não se martirizam quando estão solteiras. Mas sejamos sinceros, não são todos que conseguem esse equilíbrio.
Nunca namorei sério. Atualmente, não sinto vontade. Algumas pessoas ficam inconformadas com isso, não conseguem entender, e não conseguem disfarçar os olhares indignados. E sinceramente, não me importo. Só não entendo.
Será que é MESMO necessário estarmos comprometidos em todos os sentidos com alguém, pra estarmos felizes?
Vivo, atualmente, uma experiência que gostaria que todos tivessem a oportunidade de vivenciar; o aproveitamento de minha própria companhia.

Tô me namorando, as vezes brinco.
E isso não significa que estou sozinha, muito pelo contrário. Há sempre pessoas interessantes ao meu redor. Só que sem a necessidade do comprometimento, das eternas brigas, e das dores de cabeça constantes que duas pessoas podem se proporcionar.
Não me levem pelo lado errado, também não estou dizendo que “tô pegando todo mundo”. “Solteira sim, sozinha nunca.”, no sentido “literal”. Isso é desnecessário, e algo a que não consigo a me habituar.
Só que quando estou com alguém, por aquele momento, me sinto feliz por estar onde estou e com quem estou. Sem esperar por uma continuidade. E no momento seguinte, quando estou sozinha num sábado a noite, embaixo das cobertas vendo um filme, também me sinto realizada. Seja com meus amigos, comigo mesma, com meus pais, enfim. Não há martírios, ciúmes, e paranoias. Não há sentimentos exacerbados. Assim consigo aproveitar melhor cada momento, sem nenhuma culpa.
Minha inspiração aumentou. Minha vontade de estudar também. Até mesmo minha esperança, que até pouco estava morta.
Vejo muitas pessoas cultivando um relacionamento, por medo de ficarem sozinhas pra sempre. Ou outras paranoias. Não as entendo. Talvez, ao se libertarem de um sentimento que as machucam, e se permitissem a solidão, o autoconhecimento, e o conhecimento de mais pessoas, se sentiriam muito mais felizes e realizadas. Mesmo “sozinhas”.

Então, termino esse texto, dando o seguinte conselho aos que estiverem presos; libertem-se. Eu juro que não dói. Só no começo, ok, pois tirar alguém que significou tanto da sua vida sempre trás um pouco de incômodo no início. Mas passa rápido, falando sério. Na hora certa, quando você menos esperar, alguém pode aparecer, e te transbordar. Enquanto isso se complete! Nascemos todos sozinhos, e não levaremos ninguém conosco na hora de nossa partida. Além disso, não precisa se estar em um relacionamento pra ter com quem compartilhar a vida. É pra isso que existem os amigos e a nossa família. O mundo está cheio de pessoas interessantes, e se você procurar bem, vai se surpreender com as descobertas que fará.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Dezenove.



Há anos que venho pregando ódio e pragas ao meu aniversário, data que dificilmente me trás boas recordações. Sou supersticiosa e rabugenta, o que junto ao meu pessimismo, explica minha birra eterna com aniversários.
Mas esse ano resolvi me rebelar, só pra ver no que dava...
Bom, só dessa vez, resolvi esquecer meu ódio e fingir que era criança novamente. Quando aniversários eram sinônimos de bolo, amigos e bexigas coloridas.
Tirei o Um dos Dezenove anos que estou fazendo, e fui, toda feliz, comprar chapeuzinho de festa, um pedaço de bolo, e velinhas, pra cantar parabéns sozinha quando desse meia noite.
Vai que desse certo? Que a sorte mudasse, se eu fizesse o ritual corretamente? Bati palmas, ri da minha própria idiotice, fechei os olhos, fiz um pedido, e assoprei aquelas velas no pedaço de bolo com a esperança e ansiedade de uma criança de nove anos de idade. 
Vai que desse certo?
Dormi tranquila. Acordei bobona, ao meio dia. Almocei um outro pedaço de bolo, sem me culpar pelo excesso de açúcar, e adivinhem só? Me sentia contente.
Um legítimo milagre, devo acrescentar... E por falar em milagre, meus pais me compraram salgadinhos, que fiz questão de dividir com meu novo melhor amigo, que como todos os dias, passou aqui em casa na hora do almoço. Também lhe dei um chapeuzinho de festa. Se fosse pra comemorar, faria decentemente.  
Em seguida, tive uma ideia inusitada. Sentei em frente ao computador, e fiz aquilo que mais gosto no mundo; escrevi até o cérebro se cansar. 
E no meio da euforia do cansaço, uma surpresa maravilhosa. 
Recebi a visita de duas grandes amigas, uma ao vivo e a outra em  pensamentos. 
Ah, que delícia. Mais um milagre pro meu dia, que em seu decorrer, apesar de pequenos detalhes, foi maravilhoso. Ao anoitecer, fui beber um pouco com meus melhores amigos, que foram felizes e contentes me dar um abraço, apesar do frio de cortar a pele que estava fazendo. Fomos todos pra casa em seguida, onde fizeram questão de cantar parabéns e o bendito do com-quem-será(a propósito, venho noticiar que se tudo der certo, estou noiva do Orlando Bloom, haha). Por dentro, transbordei de felicidade.
Talvez o feitiço tenha realmente funcionado, a sorte tenha mudado, e ao fazer o contrário do que normalmente desejo fazer durante meu aniversário(que seria ficar em casa sozinha, chateada por estar um ano mais próxima de um túmulo) eu tenha quebrado o ciclo triste que a data me lembra.
Talvez seja essa a solução de todo o problema. Fazer o oposto do normal. O imprevisível. 
Termino esse dia, que acabou sendo tão maravilhoso pra mim, grata por todas as pessoas maravilhosas que fazem parte da minha vida e que fizeram questão de demonstrar seu carinho por mim de alguma forma. Pois elas foram o melhor presente que ganhei. E não as trocaria. Cada ato, abraço e palavra fazem desse um belo recomeço. Um excelente primeiro capítulo dessa minha nova história. E é por querer sempre lembrá-lo que o compartilho aqui, pra quem quiser ler, com um conselho como desfecho;
Quando tudo parecer complicado, fechem os olhos, respirem fundo, e voltem a ser crianças. Essa é a maior simplicidade da vida. 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Promessa passageira.

Comprometo-me a ser a única responsável por aquilo que cativar, e cuidar bem do meu coração, sendo também a única com o poder de parti-lo de vez em quando. Prometo estar em constante processo de renovação, e não me deixar de lado. Por nada, nem por ninguém. Prometo surtar, vez ou outra, pra não enlouquecer de vez. Prometo continuar desprendida, e não me deixar aprisionar... E principalmente, prometo tentar cumprir essas promessas. Um dia de cada vez. Mas sem pressão, sem culpa, se houver alguma falha. Por que viver é bem isso; tentar, esperar e só.

domingo, 21 de julho de 2013

É.

Ainda bem que a vida nos proporciona sempre um amanhã. Ainda que ao sentirmos o toque quente do sol em nosso rosto, sentimos um pouco de conforto. Ainda bem que cada hoje significa que o ontem já passou, e que a possibilidade de um amanhã nos dá esperança de que tudo pode mudar.
Ainda bem que cada escolha nos dá a oportunidade de um novo erro, e que cada erro, pode ser convertido em um aprendizado.
Ainda bem que de vez em quando a gente surta, extravasa tudo que precisa sair de dentro de nós, e que isso dá espaço pra uma renovação dentro de nós.

Ainda bem...

terça-feira, 2 de julho de 2013

Machado explica.

"O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo."