segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Nair.

Introdução

"Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler" A menina que roubava livros.


*


Quinta-feira, treze de Dezembro de 2012. Quatro horas da tarde.

A morte é sempre um confronto com a vida. Querendo ou não, ela nos deixa cara-a-cara com o pouco que vivemos e nos desafia a correr atrás daquilo que gostaríamos de ter feito.
Alguns meses atrás minha bisavó faleceu, e eu nunca tinha perdido alguém próximo antes. Foi nesse dia que eu descobri o quanto a morte me é estimulante. Enquanto assistia os corpos dos meus familiares debruçados uns nos outros em meio a tantas lágrimas e desespero, eu só conseguia pensar em tudo o que a vida ainda poderia nos oferecer, e - vez ou outra - ao pousar os olhos naquele corpinho frágil, mas com uma aparência tão serena, aconchegado no caixão, a única coisa que eu sentia era orgulho e alegria pela vida que ela viveu. E quanta vida, quanta força! Mesmo com todo o desconforto e debilidades geradas pela velhice, sempre ganhou de dez a zero em animação e juventude de todos os filhos, netos, bisnetos, ou jovens que estivessem ao seu redor. Isso com noventa e nove anos!
Acredito que se a força do espírito ultrapassasse a do corpo, teria vivido mais noventa e nove.
Enquanto todos lamentavam sua morte, eu a admirava, certa de que sua partida só ocorrera porque era a hora e que sua passagem pela terra não havia sido em vão.
Deixou aos filhos, netos, bisnetos, amigos, e companheiros de igreja lembranças, lições preciosas e saudades. E é isso o que classifica uma vida bem vivida. Uma história bem contada.
Foi uma mulher admirada com uma vida admirável. 
Naquele dia, antes de viajar para as cerimônias  de seu "encerramento", prestei uma singela homenagem a ela com um texto, publicado aqui nesse blog. Curiosamente, até hoje ele continua sendo o mais visualizado. Tenho certeza de que isso só acontece pois tentei colocar nele a força e a alegria que ela tinha.
Hoje a data não é especial, não seria seu aniversário, nem nada, mas lembrei dela. As lágrimas ainda se recusam a cair, e suas lembranças ainda me fazem esboçar um enorme e aberto sorriso.
Não sei se minhas futuras perdas serão encaradas da mesma forma, mas hoje... A morte continua sendo inspiradora.

*Link do texto citado acima, aos interessados: http://verdadesqueinventei.blogspot.com.br/2012/05/vida-continua-sendo-uma-garrafa-de.html

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