domingo, 7 de setembro de 2014

Bukowski: Born into this.


Realista, intenso e poético; é assim que eu defino o documentário Bukowski: Born into this. O filme, de quase 120 minutos, conta a história do escritor Charles Bukowski, conhecido por sua escrita forte e desinibida. Confesso que não sou uma especialista sobre o autor, só li dois de seus livros, por enquanto; Hollywood, e Ao sul de lugar nenhum. Mas o que mais me chamou atenção em ambos é a brutalidade de suas palavras, muitas vezes pessimistas, mas firmes e reais. Suas principais temáticas são as mulheres, o sexo, o excesso de álcool, além de apostas em corridas de cavalo, paixões do autor, que coloca muito de si em seus livros. Outra característica do autor é o uso de palavrões o tempo todo, e a sinceridade. O homem realmente não tinha papas na língua (característica em especial da qual gosto muito).
Mas voltando ao documentário, sinto que foi feito para os admiradores do autor, contando sua história na ordem de seus escritos. O filme começa mostrando o velho Bukowski, já mais velho e conhecido, declamando um de seus textos pra uma plateia, e essa cena se reveza com depoimentos de conhecidos e íntimos do autor sobre o mesmo. Entre esses depoimentos, passam-se cenas de entrevistas a Bukowski, nas quais ele conta, muitas vezes, a mesma história que seus conhecidos estão contando, a sua maneira. E o contraste entre as narrações se encaixam de maneira delicada e bem feita no decorrer do filme todo, que termina com a morte do autor.
Como já disse, o documentário não se passa na ordem cronológica; nascimento, infância, adolescência, vida adulta e morte, mas sim na ordem de seus escritos; o começo desconhecido do autor, que vivia pelas palavras, apesar de ter de conciliar sua paixão com empregos que odiava pra se sustentar, seus primeiros textos publicados, a fama, enfim, sua evolução literária. Sua infância só é narrada com mais detalhes no momento em que o autor já é bem mais velho e conhecido, quando ele finalmente se permite escrever sobre essa fase de sua vida que lhe trazia sempre tanto sofrimento.
O documentário também faz questão de dar ênfase no lado sensível e humano de Bukowski. Um lado que o autor evita mostrar em seus escritos e em seu cotidiano, mas que está lá, corroendo-o. Os relatos mais interessantes são os feitos pelo próprio Bukowski, em algumas entrevistas, quando ele assume que muitas vezes se comporta como um idiota, mas se sente mal por isso. Essa exposição torna o filme ainda mais poético e me fez simpatizar mais com o autor.
O filme também trás depoimentos de fãs do autor que não chegaram a ter contato íntimo com ele, como Bono, vocalista da banda U2. A admiração do cantor pelo autor é bonita de se ver e ouvir.

Enfim, apesar de meio antigo (o filme é de 2003), é um documentário bem feito, que trás muita realidade e poesia, com depoimentos emocionantes. Há arte no fundo da alma do Velho safado. Uma arte diferente, suja, rude, mas que transborda de dentro dele, e foi isso o que me fez amar tanto o filme. Meu conselho? Assistam.

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