terça-feira, 18 de outubro de 2016

Inquietações.



   Hoje eu decidi falar sobre uma das surpresas mais maravilhosas que a vida me deu de presente. Um dos melhores amigos que eu tenho, um dos caras mais incríveis que eu já tive a chance de encontrar.Nós nos conhecemos no início de 2014, mas começamos a conversar direito só em Julho. 
   Diz ele que na primeira vez que nos vimos pessoalmente eu o ignorei, como se não o conhecesse, mas eu não me recordo direito da tal ignorada, o que eu lembro é que quando o vi pessoalmente pela primeira vez, numa festa de república, não consegui associá-lo à sua foto do perfil do facebook (até então só nos conhecíamos via internet, e na foto ele não usava o cabelo black power e nem aparentava ter quase dois metros de altura).
   Começamos a conversar em Julho, ele me mandou uma mensagem no whats contando que estava atolado de coisas pra fazer, e que nunca mais queria se enfiar em tanta coisa ao mesmo tempo (mais tarde nós descobriríamos que isso era uma grande mentira, pois seu jeitinho workaholic não deixa que ele sossegue nunca, por mais que a gente implore pra ele descansar!). Não me lembro exatamente do momento em que ficamos tão próximos, mas quando me dei por mim nós fazíamos parte dos mesmos projetos, estávamos sempre nos mesmos grupos de trabalho, íamos juntos às mesmas festas, e compartilhávamos um com o outro nossas alegrias, anseios, medos e sonhos. Eu ganhei mais um irmão, que estaria sempre ali pra me ajudar, sendo com um conselho, um ombro pra chorar, ou pra tirar eventuais borboletas que entrassem na minha casa (se você não sabe, eu tenho pavor desse bicho horroroso).
   Quem estava de fora via o quanto a gente era unido e gostava um do outro, mas nosso companheirismo acabava sempre gerando a ideia errada nas pessoas. Alguém sempre vinha com uma piadinha de como nós éramos um casal bonito, mas a gente não levava a sério. A gente sabia que não tinha nada a ver. Um dia, por puro tédio, nós resolvemos entrar na brincadeira. Colocamos que estávamos em um relacionamento sério no facebook, só pra não perder a piada. A galera foi à loucura, ficamos assustados com a alegria que as pessoas aparentavam sentir com aquilo. Poucas horas depois desistimos, pois notamos que as pessoas não tinham percebido a piada e estavam levando nossa brincadeira à sério demais. Piada besta, assumo.
   Continuamos amigos, ele conheceu uma garota maravilhosa, e agora estão namorando. E eu estou me cagando de medo de perder um dos melhores amigos que eu tenho, mesmo sabendo que essa insegurança não tem sentido, por serem duas coisas completamente diferentes. Mas esse texto não é só sobre o amor que eu sinto por essa pessoa especial, e muito menos sobre perdas. Esse texto está sendo escrito pra mostrar que é possível que duas pessoas de sexo oposto se encontrem ao longo da vida e constituam uma amizade bonita e sem intenção alguma de ultrapassar essa linha. Ele me provou isso, e eu achei essa descoberta linda (sim, descoberta, porque até o dia em que a gente se conheceu sempre que eu começava a desenvolver um pouco mais de afeto por algum amigo, colocavam uma pressãozinha social pra que a gente começasse um romance, e eu ficava tão confusa, que passava muito tempo questionando. E se eu não sentisse a tal atração física e romântica que a plateia cobrava, vinha uma culpa imensa, ainda que eu não tivesse certeza se o cara também não sentia nada, ou se ele correspondia às expectativas das pessoas).

   Hoje eu sei que não existe nada de errado em fugir dessa regra louca que não sei quem inventou. Também tenho total convicção de que amizade entre homem e mulher existe sim, e pode ser tão simples e honesta quanto a de duas mulheres, ou dois homens. E essa é uma sensação libertadora, porque a melhor coisa que existe é você se sentir bem o suficiente pra começar uma amizade sem medo dela ser mal interpretada. Inclusive, eu recomendo.

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