sábado, 30 de junho de 2012

Meus sete anos de azar!



Foi em uma segunda-feira. Havia voltado mais cedo da escola e como não lembrara de descongelar nada para o almoço, decidi dormir um pouco, e depois comer qualquer bobagem para enganar o estômago. Acordei às duas da tarde morrendo de fome, e de desespero; Tinha de fazer uma redação para sexta, e ainda não havia conseguido pensar em nada. Comi um pacote de bolacha e me sentei. Passou-se uma hora, e a folha que segurava em minhas mãos continuava em branco. Como boa neurótica que sou, comecei a duvidar da minha capacidade com as palavras, imaginando que não conseguiria passar no vestibular, ou – se conseguisse – não conseguiria lidar com o curso, e então a minha imaginação rolou, projetando acontecimentos que ficavam cada vez piores. Liguei pra minha mãe, contei sobre meus pensamentos, implorei pra que ela fosse me buscar e comecei a chorar feito uma criança boba.
Enquanto falava com ela, decidi arrumar meu guarda-roupa. Quem sabe ao conseguir manter algo arrumado, eu teria alguma idéia pro texto ou me acalmaria... Foi então que, em um segundo de descuido, eu derrubei meu espelho no chão, quebrando-o em vários pedacinhos. “Pronto. Agora vou ter sete anos de azar!” – pensei, aumentando meu desespero. As lágrimas, que já haviam parado há algum tempo, voltaram, e o choro saiu mais forte e mal alto. Minha mãe – que já é POUCO preocupada - devia estar tendo um ataque do outro lado da linha. Queria ir pra Bauru na hora, e ficar comigo o resto da semana.
Desliguei o telefone, limpei a bagunça do meu quarto e sentei na cama. Já estava um pouco mais calma, mas a culpa (minha redação já devia estar pronta... E eu nem havia começado!) ainda me assombrava. Cinco minutos depois, meu celular começou a vibrar. Era uma mensagem do sisu, avisando que eu havia sido selecionada na primeira chamada em uma das faculdades que eu havia me inscrito. PASSEI. Comecei a gritar, enquanto tremia. Tá certo que foi em letras (e eu quero cinema...), mas eu passei, poxa! Liguei pra minha mãe, mandei mensagem pras minhas amigas e comecei a pular (essa é a hora em que meu vizinho de baixo começa a me odiar pelo barulho, hehe) de alegria. Fiquei boba. COMO ERA POSSÍVEL? Eu tinha acabado de quebrar um espelho, e agora estava com sorte? Confesso que na hora pensei seriamente em quebrar os outros espelhos que existiam no meu apartamento, mas não fiz nada (também só faltava essa...)!
Depois disso a semana continuou estranha, mas fluindo... Consegui fazer minha redação, arrumar o que tinha de ser arrumado, recebi notícias boas e ruins, e ainda tive que lidar com certas situações nem um pouco agradáveis...  O pior de tudo foi que toda vez que algo incomum e ruim acontecia, eu começava a tremer, pensando no maldito espelho!
Quanta besteira, meu Deus! Só hoje que eu fui perceber o quão longe da realidade – e da sanidade também, convenhamos – o desespero me leva... Como se eu não soubesse que superstições não existem!
Comecei a rir da minha própria idiotice e não consegui parar mais. É muito drama, exagero e desespero, pra coisas pequenas demais. Um espelho quebrado é só um espelho quebrado. Não existe maldição!
No momento, penso da seguinte maneira: Não existe sorte ou azar. O que existe são as conseqüências de nosso estado emocional!
Talvez eu esteja errada, mas isso eu só vou ficar sabendo daqui a sete anos, quando a “maldição” acabar.

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